Um dia após ameaçar a China com uma tarifa adicional de 50%, o presidente Donald Trump disse nesta terça-feira (8) que aguarda uma ligação de Pequim para negociar.
“A China também quer fazer um acordo, com urgência, mas eles não sabem como começar. Estamos aguardando a ligação deles. Vai acontecer!”, afirmou em um post em sua rede social, a Truth Social.
O republicano também afirmou que teve “uma ótima ligação” com o presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo.
“Temos os limites e a probabilidade de um grande acordo para ambos os países. A equipe deles está a bordo de um avião a caminho dos EUA, e as coisas estão indo bem”, afirmou.
Em entrevista à CNN nesta terça, concedida antes da ligação com Trump, Han Duck-soo disse que seu país não vai seguir o caminho da China de oposição às tarifas.
“Eu não acho que esse tipo de reação vá melhorar a situação de forma dramática,” afirmou. “Eu não acho que isso será realmente lucrativo para nós três [China, Japão e Coreia do Sul], e especialmente para a Coreia.”
A disposição de Trump para fazer acordos, evitando taxações elevadas, vem sendo reforçada tanto pelo presidente quanto por parte de seus aliados. A nova postura animou mercados globais nesta terça, após dias de forte volatilidade e perdas provocados pela incerteza se Washington seguiria uma postura intransigente. Trump usou sua rede social nesta terça para ressaltar que estaria “lidando com muitos outros países, todos os quais querem fazer um acordo com os Estados Unidos”.
“Assim como com a Coreia do Sul, estamos levantando outros assuntos que não são cobertos por comércio e tarifas, e também estamos negociando esses pontos”, disse, em referência a parcerias militares e joint ventures.
Além da Coreia do Sul, os EUA anunciaram que negociações nesta segunda com o Japão, após uma conversa por telefone entre os mandatários dos dois países, e com Israel -Binyamin Netanyahu se encontrou com Trump em Washington.
Segundo a Casa Branca, mais de 70 países procuraram Washington para negociar nos últimos dias. Segundo o site Politico, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, viajou para o resort de Mar-a-Lago, na Flórida, no último domingo para convencer Trump a adotar um discurso mais focado em acordos do que nas tarifas em si. Do contrário, os mercados acionários seguiriam despencando.
O apelo parece não ter surtido efeito imediato -na noite de domingo, o presidente chamou de “burra” a pergunta de um jornalista se haveria um nível de caos no mercado que o levaria a pausar a entrada em vigor das novas tarifas. Mas, após mais um dia de alta volatilidade em Wall Street na segunda, ele afirmou estar aberto a negociações em entrevista na Casa Branca no final da tarde.
“As negociações são o resultado da imensa quantidade de pedidos recebidos para vir negociar; não teve nada a ver com o mercado”, disse Bessent em uma entrevista a uma TV americana nesta terça.
A principal dúvida é quanto é possível um acordo com a China, que adotou em resposta a Trump uma postura combativa. O país é um dos principais alvos do republicano desde a campanha eleitoral, acusado de tirar proveito dos EUA valendo-se de práticas desleais.
Na semana passada, Trump anunciou que os produtos chineses seriam atingidos com uma tarifa de 34% a partir de quarta-feira (9), além dos 20% que ele já havia imposto no início deste ano, elevando o total para 54%. O governo chinês, então, anunciou uma retaliação, válida a partir de quinta-feira (10), com taxação de 34% sobre as importações americanas.
Caso ambos cumpram suas ameaças, a tarifa total sobre Pequim chegaria a 104% -mais do que dobrando o valor dos importados no mercado americano.