O senador Wellington Fagundes (PL) anunciou que vai questionar o Banco Central sobre a atuação de tradings estrangeiras que, segundo ele, podem estar acessando recursos subsidiados no exterior para financiar a produção de soja no Brasil.
O que ouvimos é que as famosas tradings recebem, principalmente do mercado comum europeu, subsídio para captar o recurso e financiar aqui no Brasil
Tradings são empresas que atuam como intermediárias entre produtores e compradores, nacionais ou internacionais. Elas também financiam os produtores, recebendo, em muitos casos, a produção das lavouras como pagamento.
A declaração ocorreu na tarde desta quarta-feira (23) ao final da audiência pública que discutiu a Moratória da Carne e da Soja no País. O evento foi convocado por Wellington após o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender uma lei de Mato Grosso, que revoga a adesão à Moratória da Soja.
“Quero deixar um questionamento — que iremos oficializar ao Banco Central — sobre a internação de recursos por parte das empresas que financiam a produção brasileira. Que tipo de subsídio eles recebem lá fora?”, anunciou Wellington.
“O que ouvimos é que as famosas tradings recebem, principalmente do mercado comum europeu, subsídio para captar o recurso e financiar aqui no Brasil”, completou.
A moratória restringe a compra de soja e carne de produtores mato-grossenses que desmataram áreas, ainda que legalmente, a partir de 2008. Algumas empresas exportadoras têm adotado a prática por pressão de países da Europa.
“Gigolôs”
A declaração de Wellington ocorreu após diversas autoridades do setor denunciarem supostos abusos. A declaração mais forte foi feita pelo senador Jayme Campos (União), que é pecuarista. Segundo ele, as tradings se portam como “gigolôs” do mercado.
“Não tem produtor que desmata fora da lei. Conversa fiada! O que precisamos é respeito. E nós somos competitivos. O nosso problema é comercial. […] As tradings são verdadeiras gigolôs. Gigolôs! Vamos usar esse termo chulo, mas é verdade. As tradings exploram os nossos produtores rurais”, disse.
Soberania brasileira
Ao final, Wellington defendeu a soberania das leis ambientais brasileiras sobre as exportações, a preservação da boa imagem do Brasil no exterior e criticou ainda a postura de países europeus, especialmente da França.
“Lá fora é muito forte o posicionamento, principalmente da França, no sentido de que: ‘A lei de vocês não nos interessa. Nós somos donos do mercado para comprar e iremos comprar conforme as nossas exigências’”.
“O mais importante é a imagem do Brasil. O objetivo, em especial dessa comissão, é mostrar que temos uma produção sustentável, uma legislação rigorosa. Nós já temos o suficiente em termos de legislação e de modelo de produção para atender as exigências mundial”, emendou.
A audiência reuniu representantes do setor produtivo, deputados federais e estaduais e sociedade civil.
Veja audiência na íntegra:
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