A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou uma nova medida que exige a retenção de receita médica para a venda de canetas emagrecedoras, como o Ozempic. A decisão visa melhorar o controle do acesso a esses medicamentos, em resposta ao aumento de eventos adversos relacionados ao uso fora das indicações aprovadas.
O endocrinologista Fabio Trujillo, presidente da Associação Brasileira de Estudos de Obesidade (Abeso), avalia a medida como necessária. “O Ozempic, que tem como princípio a semaglutida, estava sendo usado de forma abusiva e indiscriminada”, afirma Trujillo. Ele ressalta a diferença entre tratar obesidade e usar o medicamento apenas para emagrecimento estético.
Impactos no tratamento de doenças crônicas
Trujillo expressa preocupação sobre como a nova exigência pode afetar o tratamento contínuo de pacientes com doenças crônicas como diabetes e obesidade. “Minha preocupação maior é o acesso que o paciente terá ao médico para essa renovação da receita, e como será feito o controle”, pondera.
O especialista sugere que uma validade de até 90 dias para as receitas poderia ser mais adequada, evitando dificuldades no acesso ao tratamento. A medida da Anvisa deve entrar em vigor em meados de julho, 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União.
Combate ao mercado paralelo
A decisão da Anvisa também visa combater o mercado paralelo e a manipulação irregular desses medicamentos. Trujillo alerta para os riscos associados a produtos de origem duvidosa: “A gente está vendo contrabando, pessoas sendo presas em aeroportos com canetas. Quando falamos em manipulação, é importante pensar: qual a origem? Será que temos ali a verdadeira medicação que os estudos mostram os benefícios?”
O endocrinologista enfatiza a importância de tratar a obesidade como uma doença crônica, destacando os benefícios desses medicamentos não apenas para o emagrecimento, mas também para o controle do diabetes, pressão arterial e apneia noturna. Ele conclui que o combate ao uso indiscriminado e ao comércio ilegal é fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
Ozempic e remédios similares ajudam a reduzir “ruído alimentar” mental