Diante do anúncio inesperado do cancelamento do voo comercial entre Alta Floresta e Cuiabá, uma forte mobilização está sendo feita pelo prefeito Chico Gamba, que cobra diálogo e defende a manutenção da rota aérea. Segundo o gestor, a decisão da companhia aérea foi unilateral e não condiz com a realidade técnica, populacional e econômica da região.
“Todos fomos pegos de surpresa. Alta Floresta é uma cidade polo em franco desenvolvimento. Quando fizemos esse pedido, apresentamos dados concretos que comprovam a importância e a viabilidade do voo”, destacou Chico Gamba.
Em reunião recente com o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Max Russi, o prefeito entregou o Ofício nº 221/2025/GE, contendo informações técnicas e estatísticas que justificam a continuidade da operação da linha aérea entre Alta Floresta e a capital mato-grossense.
Alta Floresta atende toda uma região
O documento destaca que, segundo estimativas do IBGE, Alta Floresta conta atualmente com 61.291 habitantes. Porém, o aeroporto da cidade — o Terminal Piloto Oswaldo Marques Dias — atende diretamente uma população estimada em mais de 343 mil pessoas, considerando cidades vizinhas como Apiacás, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Paranaíta, Carlinda, Nova Canaã do Norte, Colíder, Matupá, Novo Mundo, Guarantã do Norte e Peixoto de Azevedo.
Ou seja, o impacto da descontinuidade do voo vai muito além dos limites de Alta Floresta, atingindo toda uma região estratégica do Portal da Amazônia.
Avanço regional e economia em expansão
A região Norte de Mato Grosso tem vivido um crescimento expressivo, puxado principalmente pela expansão agrícola. De acordo com dados do ofício, entre as safras 2017/2018 e 2022/2023, a área plantada de soja em municípios como Alta Floresta, Apiacás e Carlinda teve um salto de 437%, passando para 169,1 mil hectares.
Além disso, a pecuária também é forte. Alta Floresta contabiliza mais de 812 mil cabeças de gado de corte, consolidando-se como referência no setor agropecuário.
Alta taxa de ocupação dos voos
A alegação de baixa demanda, usada por alguns setores para justificar o cancelamento da rota, é refutada com dados oficiais da ANAC. Em 2024, os voos da Azul Linhas Aéreas com origem ou destino em Alta Floresta registraram uma taxa média de ocupação (RPK/ASK) de 73,1%, número que subiu para 73,8% no primeiro quadrimestre de 2025, com crescimento de 29,3% no número de passageiros em relação ao mesmo período de 2024.
Durante a alta temporada (junho a agosto), a ocupação dos voos chegou a 85% em 2024 — o que, segundo o prefeito, mostra que o cancelamento não faz sentido às vésperas do pico do turismo internacional.
Nos últimos 10 anos, a média de ocupação na rota Alta Floresta/Cuiabá foi de 74,4%, transportando mais de 629 mil passageiros entre 2013 e 2023.
Terceiro aeroporto mais movimentado de MT
Ainda conforme o ofício, o aeroporto de Alta Floresta é atualmente o terceiro mais movimentado do Estado, atrás apenas de Cuiabá e Sinop. O município também está incluso na Política de Incentivo Fiscal do Estado de Mato Grosso, por meio do Programa VOE MT, que garante uma redução de 84% no ICMS do querosene de aviação (QAV), o principal custo das companhias aéreas.
Conectividade estratégica para a Amazônia
Além da importância econômica, a conectividade aérea também tem papel fundamental na agenda ambiental, facilitando o deslocamento de pesquisadores, equipes técnicas e instituições que atuam na proteção da Amazônia Legal. A presença do Estado nesta região estratégica depende de acesso rápido, seguro e eficiente — o que reforça ainda mais a importância de manter essa linha aérea ativa.
Segundo Chico Gamba, os esforços continuam. “Nossa região cresce a passos largos. A manutenção desse voo é essencial para o desenvolvimento, para o turismo e para os negócios. Estamos mobilizados e confiantes de que essa decisão será revista.”
