Às vezes, quando saímos com os amigos – os antigos, aqueles que cultivamos com paciência, cuidamos com carinho e até ousamos contrariar na certeza de que a confiança mútua existirá para sempre na etérea existência de nossas vidas –, nos posicionamos exacerbadamente sem perceber que nessas situações, menos vale mais.
Depois que isso acontece, ou seja, após aqueles momentos em que falamos mais do que deveríamos ao opinar mesmo sem ser perguntados, é que nos arrependemos por não ter ouvido mais e falado menos.
Então, ao pensar em tudo o que dissemos ou deixamos de dizer, percebemos que nos precipitamos e até avançamos o sinal quando não deveríamos, tudo por uma espécie particular de amor: o fraterno, aquele que sentimos pelos verdadeiros amigos, os irmãos de coração.
Mas ser amigo não é isso? Não é se fazer presente mesmo à distância, saber ouvir em silêncio, sentir, sorrir e chorar juntos, abraçar e até carregar, ser, enfim, solidário?
A amizade é um poço sempre cheio de receptividade, na intenção de que nele se encontrem formas de aplacar a sede da esperança.
É como o oásis que buscamos no deserto da solidão, lugar onde sabemos existem formas de acabar com a sede de justiça, de compreensão, carinho e uma sombra acolhedora, abrigo garantido contra a rudeza dos momentos difíceis de suportar sozinho.
Às vezes, uma silenciosa mão estendida é a confirmação de que menos é mais, como este curto texto.
Marcelo Augusto Portocarrero é engenheiro civil.