O jornalista Cláudio Roberto Natal Junior, preso na manhã desta segunda-feira (26), pela Polícia Civil, em Cuiabá, no âmbito da investigação do homicídio do advogado Renato Nery, foi solto sob fiança estipulada em cinco salários mínimos (R$ 7.590). Em depoimento, ele negou envolvimento no caso.
Cláudio é investigado pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) por suspeita de alteração de documentos e assessoramento a escritórios de advocacia ligados aos suspeitos do homicídio, e foi alvo de busca e apreensão.
A ordem judicial foi cumprida na casa do jornalista, no condomínio Solar das Torres, no bairro Santa Cruz, onde foram encontradas dezenas de munições, de calibres 12, 38 e 40. Por esse crime, ele foi detido em flagrante. No cumprimento da ação, ele teve o celular apreendido.
Conforme a Polícia, cerca de 15 dias antes da Operação Office Crime – A Outra Face, em 6 de março, ele teria ligado para uma das suspeitas de ser mandante do crime, a empresária Julinere Goulart Bentos, pedindo que ela providenciasse dinheiro para custear advogados que defenderiam os policiais acusados de participar do crime.
Julinere e seu marido, o empresário César Jorge Sechi, foram presos no dia 9 de maio, em Primavera do Leste. Desde então, nenhum dos dois se manifestou sobre as acusações.
Indiciamentos
Até o momento, a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) prendeu e indiciou o policial militar ex-Rotam Heron Teixeira Pena Vieira, que confessou o crime, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, que admitiu ser autor dos disparos.
Já tinham sido presos em 17 de abril o suposto intermediador do homicídio, o PM Jackson Pereira Barbosa, em Primavera do Leste, e o PM da inteligência da Rotam, Ícaro Nathan Santos Ferreira, que é suspeito de ter dado a arma do crime.
As confissões
No início de maio, Heron Vieira confessou na DHPP que recebeu R$ 150 mil pelo crime. O acordo inicial, segundo ele, era de R$ 200 mil. Na confissão, Heron ainda afirmou que os mandantes teriam sido o casal de empresários, além de apontar que contratou o caseiro Alex Roberto para executar Nery.
Conforme revelado na investigação, o valor combinado não teria sido pago na totalidade, o que gerou uma série de extorsões contra o casal, mas sem sucesso, pelo silêncio dos envolvidos.Heron ainda informou que os R$ 150 mil foram dividos somente entre ele e o caseiro.
O policial também confirmou a participação, como intermediador do homicídio, do PM Jackson Barbosa, que é vizinho de condomínio de Julinere e César.
Dias depois, em 15 de mario, o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva decidiu confessar ter sido o autor dos disparos em depoimento na DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Cuiabá.
Conforme apurado pelo MidiaNews, Alex Roberto se mostrou arrependido do crime e confirmou todas informações reveladas, também em confissão, pelo policial militar ex-Rotam, Heron Teixeira Pena Vieira, que admitiu tê-lo contratado para executar o crime.
Arma
No dia 30 de abril, os PMs da Rotam Leandro Cardoso, Wailson Ramos, Wekcerlley de Oliveira e Jorge Martins, que estavam presos desde 6 de março, foram indiciados por forjar um confronto para plantar a arma do homicídio de Nery com terceiros.
Conforme a Polícia Civil, eles foram acusados de homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.
Segundo a investigação, o crime ocorreu no dia 12 de julho, sete dias após o assassinato do advogado, no Contorno Leste, em Cuiabá, que resultou na morte de um homem e feriu outros dois.
O homicídio
Ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery foi atingido por um disparo na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.
Socorrido com vida, ele foi levado às pressas para o Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.
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