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Furtos a casas de veraneio caem, mas violência doméstica cresce

Há mais de um ano como titular da Delegacia de Chapada dos Guimarães, o delegado Eugênio Rudy Junior, de 48, diz que a Polícia local conseguiu reduzir aquele que era um dos principais gargalos da cidade: o furto a residências, incluindo as de veraneio. Em contrapartida, tem sido cada vez maiores os casos de violência contra a mulher.

Temos um número crescente de casos de violência doméstica e psicológica em todos os níveis


“Analisando o retrospecto dos últimos anos, eu diria que a criminalidade em Chapada dos Guimarães está em números aceitáveis, pois houve uma acentuada diminuição dos furtos residenciais, que era o nosso gargalo aqui”, disse.


A violência contra a mulher passou a ser um dos maiores problemas da Polícia. “Temos um número crescente de casos de violência doméstica e psicológica em todos os níveis”, alertou.


Houve, segundo o delegado, houve um aumento de entre 5% e 10% dos pedidos de medidas protetivas na cidade.


“Mas Chapada, nesse aspecto, é privilegiada. Somos uma das poucas delegacias do Estado com um núcleo especializado no atendimento à mulher”.

 

Um sacerdócio

 

Natural de Aripuanã (MT), o delegado assumiu o cargo em Chapada no dia 14 de janeiro de 2024, vindo de Sorriso, uma cidade com alto fluxo de violência.


Com uma carreira dedicada à Segurança Pública, o delegado iniciou sua trajetória no Exército, onde serviu por seis anos, passou quatro anos na Polícia Militar e atuou como investigador por 11 anos. Ao iniciar a faculdade de Direito, direcionou seus estudos para o concurso de delegado, sendo aprovado em 2017 e tomando posse em 2018.


Durante a entrevista, o delegado também falou sobre a atuação de facções criminosas na cidade, assaltos a casas de veraneio e as medidas a serem adotadas para afugentar os ladrões.

 

Confira a entrevista completa:

 

MidiaNews – Como o senhor avalia a segurança em Chapada dos Guimarães? A criminalidade está alta na cidade?

Para uma cidade que tem população de 20 mil pessoas durante a semana e chega a 50 mil nos fins de semana, esse índice é extremamente baixíssimo

 

Eugênio Rudy Junior – Analisando o retrospecto dos últimos anos, eu diria que a criminalidade em Chapada dos Guimarães está em números aceitáveis, pois houve uma acentuada diminuição dos furtos residenciais, que era o nosso gargalo aqui. Tivemos uma redução significativa. Não temos registros frequentes de roubo, apenas um caso no ano passado. Para uma cidade que tem população de 20 mil pessoas durante a semana e chega a 50 mil nos fins de semana, esse índice é extremamente baixíssimo.

 

MidiaNews – Como é a estrutura da Polícia Civil atualmente? O senhor acredita que ela supre as necessidades da cidade?

 

Eugênio Rudy Junior – A Polícia Civil de Chapada conta atualmente com um delegado, três escrivães de carreira e doze investigadores. Nós somos responsáveis pelas ocorrências de três municípios: Chapada, Nova Brasilândia e Planalto da Serra. Analisando o contexto estadual, entendo que o nosso efetivo é satisfatório, pois há cidades com um número maior de habitantes e menos policiais do que aqui. Lógico que, se tivéssemos um acréscimo de dois escrivães e três investigadores, ficaria ainda melhor. Mas, com o atual número de policiais, conseguimos fazer um bom trabalho.

 

Uma grande vantagem que temos em Chapada é que os policiais são muito experientes. A maioria veio da Capital e já trabalhou em delegacias especializadas, como a Delegacia de Roubos e Furtos, a Inteligência, a GCCO e a GOE. Nosso efetivo é muito capacitado, o que tem ajudado bastante nas investigações.

 

MidiaNews – Existe uma boa cooperação entre a Polícia Civil e a Militar?

 

Eugênio Rudy Junior – Sim, existe. O comandante da Polícia Militar, coronel Catanante, é um grande parceiro nosso. O subcomandante, capitão Allan, também. São pessoas extremamente aguerridas e que não têm aquela vaidade de querer saber quem prendeu quem. Estamos sempre juntos, trocando informações diariamente. Essa parceria tem resultado na diminuição da violência em Chapada, o que é muito bom para a população.

 

MidiaNews – Quais são os crimes que desafiam a Polícia da cidade?

Temos uma psicóloga e uma assistente social que atendem essas vítimas, o que é fundamental. Já trabalhei em cidades maiores, como Lucas do Rio Verde e Sorriso, e lá havia apenas uma psicóloga

 

Eugênio Rudy Junior – Nosso principal gargalo ainda é, infelizmente, a violência contra a mulher. Temos um número crescente de casos de violência doméstica, psicológica, em todos os níveis. Mas Chapada, nesse aspecto, é privilegiada. Somos uma das poucas delegacias do Estado com um núcleo especializado no atendimento à mulher.

 

Temos uma psicóloga e uma assistente social que atendem essas vítimas, o que é fundamental. Já trabalhei em cidades maiores, como Lucas do Rio Verde e Sorriso, e lá havia apenas uma psicóloga. Em Chapada, temos duas profissionais aptas a atender esse público vulnerável, que inclui mulheres, crianças, adolescentes e idosos.

 

Desde que assumi a delegacia, fizemos diversas ações para incentivar as vítimas a buscarem ajuda. Fomos a Nova Brasilândia realizar palestras e capacitamos pessoas para registrar medidas protetivas online, facilitando o processo. Com isso, percebemos um aumento de 5% a 10% nos pedidos de medida protetiva. Esse crescimento não necessariamente indica um aumento da violência, mas sim uma maior confiança das vítimas em buscar apoio, por causa dessa maior divulgação do nosso núcleo.

 

MidiaNews – Algo que sempre foi recorrente em Chapada são os furtos a casas de veraneio, que ficam fechadas durante a semana. Esse problema persiste?

 

Eugênio Rudy Junior – Sempre foram e continuam sendo. Essas casas pertencem a pessoas que moram em outros municípios e vêm para cá apenas nos finais de semana. Durante a semana, ficam vazias, às vezes por 15 dias ou até um mês. O ladrão percebe essa ausência e, dependendo dos obstáculos de segurança, consegue entrar.

 

No entanto, percebemos uma diminuição nesses furtos devido às investigações constantes. Todo boletim de furto é analisado, buscamos o máximo de informações, a gente incomoda mesmo o ladrão, a pessoa que está à margem da lei. Além disso, também temos que credibilizar isso à Polícia Militar, que tem aumentado as rondas dentro da cidade, o policiamento ostensivo, e isso inibe a atuação do marginal.

 

MidiaNews – Que medidas os proprietários de casas de veraneio podem adotar para afugentar os ladrões?

A instalação de câmeras de monitoramento, sensores de presença e sistemas de vigilância à distância são medidas eficazes para inibir a ação dos criminosos

 

Eugênio Rudy Junior – O furto é um crime ocasional. O ladrão observa a casa algumas vezes, percebe que não há movimento e avalia se consegue entrar. Por isso, é essencial que os proprietários criem redes de contato com os vizinhos e invistam em segurança.

 

A instalação de câmeras de monitoramento, sensores de presença e sistemas de vigilância à distância são medidas eficazes para inibir a ação dos criminosos.

 

MidiaNews – No início do mês tivemos o Carnaval, que é um dos períodos do ano de maior fluxo de turistas na cidade. Há algum trabalho especial nesta época?

 

Eugênio Rudy Junior – O Carnaval é um período de grande preocupação para a segurança pública, pois há um aumento significativo da população. Neste ano, não foi diferente, recebemos muitos visitantes de Cuiabá e de outras cidades do estado.

 

Este foi o segundo Carnaval em que eu participo na cidade e, felizmente, foi extremamente tranquilo. Tivemos poucas ocorrências e conseguimos cumprir cinco mandados de prisão durante uma operação conjunta da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil e Polícia Militar. Os alvos já tinham mandados de prisão anteriores.

 

Os principais problemas registrados foram casos de violência doméstica, que costumam aumentar nos finais de semana devido ao consumo excessivo de álcool. No geral, porém, foi um Carnaval bastante tranquilo.

 

MidiaNews – Como a atuação das facções criminosas tem impactado a cidade?

 

Eugênio Rudy Junior – O problema das facções é nacional. Infelizmente, em Mato Grosso, temos uma facção criminosa com atuação forte. Todos os municípios do estado têm algum núcleo deles. Chapada não é exceção.

O bairro mais problemático atualmente é o São Sebastião. Fica na periferia e tem a maior população da cidade

 

Monitoramos constantemente esses grupos e, no ano passado, conseguimos prender membros que praticavam extorsão na cidade. Essas facções atuam no tráfico de drogas e em outros crimes. O grande desafio é que muitas vítimas têm medo de denunciar. Mas, todas as vezes que vieram, a Polícia Civil tomou providências. Temos outros meios de investigar. Quando tomamos ciência de uma ocorrência que envolve a facção criminosa damos toda a prioridade. Hoje, o carro-chefe das investigações da Polícia Civil do estado de Mato Grosso é a Tolerância Zero contra as facções criminosas.

 

MidiaNews – Quais são os bairros mais problemáticos em termos de segurança?

 

Eugênio Rudy Junior – O bairro mais problemético atualmente é o São Sebastião. Fica na periferia e tem a maior população da cidade. É uma área onde percebemos um maior envolvimento de moradores com a criminalidade, especialmente com facções.

 

Também temos uma dificuldade em relação à área rural. Aí não tem a ver com a facção e, sim, com a distância. Há diligências em Chapada do Guimarães, em que os policiais andam 300 quilômetros. Outras que tem trechos em barcos.

 

MidiaNews – As ocorrências envolvendo casas de veraneio costumam ter envolvimento com membros de facção criminosa?

 

Eugênio Rudy Junior – Não. Uma das modalidades de ilicitude que a facção pratica é a venda de drogas. O usuário de drogas é quem pratica esses furtos de ocasião. Ao fim e ao cabo, a facção criminosa está ligada nesse aspecto. Porque ela vende a droga ao usuário que não está trabalhando, porque fica sem condições, e ele praticar o furto.

 

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