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Excesso ou falta de presas pode definir tamanho de onças no Brasil; entenda

Com a repercussão do caso da onça que matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, no final de abril, em Mato Grosso do Sul, os olhares se voltaram para as características do felino e como o meio ambiente influencia em diversos aspectos do animal.

O felino que devorou o homem é uma onça-pintada macho e foi capturado pela Polícia Militar Ambiental no dia 21 deste mês, no Pantanal, três dias após o ataque. Após a captura, a onça foi lavada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) e no local foi constatado pelos médicos veterinários que ela apresentava 26kg abaixo do peso normal da espécie.

Em entrevista à CNN, Alan Eduardo de Barros, doutor em Ecologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), disse que as onças-pintadas encontradas no bioma podem chegar aos 130 -150 quilos.

Segundo ele, as onças da espécie Panthera onca encontradas no Pantanal são muito grandes e saudáveis devido à extensa oferta de presas no ambiente. “O Pantanal apresenta um vasto leque de recursos aquáticos e diversos animais de floresta. Se há recursos aquáticos e terrestres, a onça pode pegar tudo. Porém, ainda existe um fator de aprendizado passado de mãe para filho”.

Alan explica que os animais passam por um processo de aprendizagem e que a caça pode ser influenciada por ele. Por exemplo, se uma onça é ensinada pela mãe a buscar jacarés, capivaras e peixes, ela reproduzirá a prática até o momento que a for vantajoso.

Ainda com a influência do aprendizado, as onças-pintadas precisam se adaptar às ocorrências naturais. Com as inundações que ocorrem na Amazônia, os felinos tendem a subir em árvores. Com isso, muitas onças passam a se alimentar de macacos, presas que não são comuns dos felinos, o que mostra uma alta flexibilidade em relação aos desafios impostos pela natureza.

No Cerrado, as onças-pintadas ainda são grandes e podem chegar aos 100 quilos, muito por conta da disponibilidade de presas na região. “Mesmo com a diferença de ambientes do Cerrado e do Pantanal, as onças ainda são muito robustas. O fato delas não precisarem se locomover muito para buscar recursos também influencia no tamanho em que apresentam”, comentou o ecologista.

Já na Caatinga, o ambiente é mais difícil para a sobrevivência das onças-pintadas. Muitas vezes, elas procuram lugares altos e com rochas para se esconder, além de se alimentarem de presas menores. “O máximo de registro que tenho no bioma é de uma onça-pintada de 51 quilos, o que mostra como o ambiente e as presas nele agem diretamente no tamanho e peso do felino”.

As onças-pintadas estão extintas no Pampa. De acordo com Alan, esse fenômeno é decorrente em grande parte das ações naturais do ambiente, mas ainda sim existe uma grande influência humana na extinção, já que há diversas ocorrências da prática de caça de animais na região.

As onças-pardas

Para o doutor, a principal diferença das onças-pardas em relação às pintadas está no osso hioide, um osso pequeno em formato de “U” que fica localizado na garganta. Em felinos, ele desempenha um papel importante no que diz respeito ao vocal do animal. Os grandes, representados pelo gênero Panthera têm um osso hioide mais flexível, o que lhes permite rugir. Já os menores, têm um osso hioide mais rígido, o que os permite apenas ronronarem ou miarem.

Além disso, ele comenta sobre a distinção de tamanho entre elas. “A onça-parda aqui no Brasil é muito pequena. Ela é do tamanho de um cachorro”.

Em reação à adaptação das onças-pardas, elas são caracterizadas com mais plasticidade e tolerância frente à ação humana nas regiões em que estão presentes. Segundo Alan, o fato delas serem menores, muito pela competição com a onça-pintada, as favoreceu. “Isso (tamanho) facilita para adaptação e elas são mais plásticas com a influência antrópica. Elas conseguem até mesmo adentrar áreas urbanas, o que mostra a flexibilidade do felino”.

A alta capacidade de se adaptar a diferentes ambientes faz com que as onças-pardas ainda não tenham sido extintas em nenhum bioma brasileiro.

Nos últimos dias, dois casos de resgate de onças-pardas vieram à tona. Um filhote de onça-parda macho, com menos de 90 dias de vida, foi resgatado na tarde da última sexta-feira (25) no quintal de uma residência localizada nas proximidades do Horto Florestal de Assis, no interior do estado de São Paulo. O animal foi encontrado assustado e apresentando sinais de debilitação, levantando a hipótese de ter se separado de sua mãe.

Já na manhã desta segunda-feira (29) uma onça-parda adulta foi resgatada após sofrer um atropelamento no quilômetro 87 da BR-153, localizado próximo a São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

Problema mais amplo

A morte do caseiro devido ao ataque da onça reflete um problema mais amplo, de acordo com as análises feitas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Estudos demonstram ameaças à onça-pintada, resultantes do crescente contato com atividades humanas. A perda e fragmentação de habitat, causadas pela expansão de atividades econômicas e infraestrutura, são as principais ameaças à conservação da espécie.

Essa fragmentação resulta em maior proximidade das onças com populações humanas e maior suscetibilidade a fatores de risco, como atropelamentos e conflitos socioambientais. A retaliação pela predação de rebanhos é uma importante causa de mortalidade para as onças-pintadas, especialmente no Pantanal.

O caso do caseiro morto em Mato Grosso do Sul está sob investigação, com análises de imagens de rotina dos animais e outras evidências sendo realizadas para entender o que ocorreu.

*Sob supervisão

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