O governador Mauro Mendes (União) declarou que o Governo do Estado estuda assumir parte das obras do Contorno Leste, em Cuiabá.
Aquilo é uma obra da Prefeitura, que tem suas responsabilidades, assim como eu tenho as minhas como governador
A declaração foi dada nesta quarta-feira (30), um dia após a Polícia Civil deflagrar a Operação Perfídia, tendo como centro das investigações a empresa HB20 Construções, responsável pela execução das obras.
Segundo Mendes, a Secretaria de Estado de Infraestrutura está avaliando a possibilidade de o Estado finalizar o trecho que vai da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (do CPA) até a MT-251, estrada que dá acesso a Chapada dos Guimarães.
“Eu disse ao prefeito Abilio Brunini que pedi ao secretário Marcelo [de Infraestrutura] um estudo para ver a viabilidade de finalizarmos pelo menos esse trecho”, revelou.
“Aquilo é uma obra da Prefeitura, que tem suas responsabilidades, assim como eu tenho as minhas como governador. Mas ali, por uma questão estratégica, de permitir uma nova rota importante para logística, podemos assumir”, emendou.
O Contorno Leste é uma obra orçada em R$ 125 milhões e terá 17,3 quilômetros, ligando o Distrito Industrial à rodovia estadual MT-251.
Mendes sinalizou, no entanto, que a avaliação da Sinfra pode demorar, já que no trecho deve ser proposta uma duplicação.
“Hoje, qualquer intervenção para melhorar o trânsito da cidade custa caríssimo, porque é preciso desapropriar, são ruas muito estreitas… Ali tem um estrangulamento… Vai ter quer ter desapropriação seguramente e isso leva tempo, demanda o Judiciário”, disse Mendes.
Atualmente, a obra está sendo tocada pela HB20. A Prefeitura de Cuiabá, no entanto, está realizando uma auditoria e cobrou um cronograma detalhado dos serviços já realizados e das ações ainda previstas à empreiteira.
“Doa a quem doer”
A Operação Perfídia teve como alvos principais os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), que tiveram os gabinetes revirados e seus celulares apreendidos. Três pessoas ligadas à HB20 também foram alvos.
Questionado sobre os desdobramentos da operação, Mendes disse lamentar a persistência de escândalos envolvendo recursos públicos, mas defendeu o trabalho das autoridades.
“Toda vez que tem uma operação eu lamento, porque continua acontecendo problema de desvios”, disse.
“Parabenizo as forças de segurança, porque estão investigando doa a quem doer. Tem que investigar. E que seja garantido a todos o direito de defesa. Nenhum cidadão deve estar acima da lei”, emendou.
Veja vídeo:
Operação Perfídia
A investigação da Polícia Civil apontou que o Sargento Joelson teria recebido R$ 250 mil em propina – sendo R$ 150 mil em dinheiro vivo – para aprovar um projeto de interesse da Construtora HB20 na Câmara. Ainda conforme o inquérito, Chico 2000 também participou das negociações.
A matéria de interesse da empreiteira autorizava o município a parcelar dívidas tributárias, medida, que “em tese, facilitaria a liberação de pagamentos pendentes à HB20″.
Ainda conforme as investigações, logo após a aprovação na Câmara, a empresa recebeu um pagamento de R$ 4.849.652,46 da Prefeitura de Cuiabá, o maior valor recebido durante a execução de todo o contrato.
Além dos vereadores, foram alvos da operação José Márcio da Silva Cunha, Claudecir Duarte Preza e Jean Martins e Silva Nunes.
O suposto esquema culminou na deflagração da operação que cumpriu 27 ordens judiciais em Cuiabá, incluindo em gabinetes de vereadores, além de busca nos sistemas e câmeras de monitoramento da própria Câmara Municipal, onde o crime teria ocorrido.
Os vereadores foram afastados do exercício parlamentar por determinação da Justiça. E todos os alvos tiveram o passaporte apreendido.
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