O tradicional cafezinho diário do brasileiro está mais caro — e isso já começa a impactar o consumo. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o volume consumido no país caiu 0,55% no primeiro trimestre deste ano, puxado por uma sequência de aumentos nos preços.
A alta é explicada por diferentes fatores: crescimento da demanda mundial, variações cambiais e a valorização da matéria-prima. Em quatro anos, o chamado “café verde” teve aumento acumulado de 224%, enquanto o preço médio ao consumidor subiu 110%. Apenas em 2024, a variação foi de 37,4%, acima da inflação dos itens da cesta básica.
Até medidas internacionais, como a política tarifária adotada pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump, influenciam esse cenário, segundo a Abic.
Nas padarias, lanchonetes e outros estabelecimentos, o reajuste no preço final ao consumidor tem sido inevitável. “No começo tentamos segurar, mas chegou uma hora que não teve mais jeito”, conta Claudinete Aparecida, gerente comercial de uma cafeteria em Cuiabá.
Ainda assim, como o café é uma das paixões nacionais, o impacto no movimento de clientes ainda foi discreto. A maioria continua consumindo, mesmo que com frequência ou quantidade reduzida.
Para o economista Oscemário Daltro, a retração no consumo, ainda que pequena, já acende um sinal de alerta. “É um indicativo de que o bolso do consumidor está sentindo”, afirma. E a previsão, segundo ele, não é animadora: os preços devem continuar subindo ao longo de 2025.
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