Cada vez mais, produtores rurais de Mato Grosso têm adotado a sustentabilidade como um dos pilares de suas atividades no campo.
Um exemplo desse movimento é o trabalho desenvolvido pela Associação Clube Amigos da Terra – CAT Sorriso. Projetos como o Cultivando Vida Sustentável, liderado pela entidade, demonstram que é possível produzir alimentos com responsabilidade ambiental, promovendo ao mesmo tempo inclusão social e geração de renda para os produtores.
Criado em 2002 por produtores da região, o CAT Sorriso é uma organização sem fins lucrativos que atua com foco na sustentabilidade, no fortalecimento da agricultura familiar e na promoção de boas práticas agrícolas.
Desde então, a entidade busca integrar o desenvolvimento econômico ao respeito pelo meio ambiente.
Intertítulo: Sustentabilidade na prática: o projeto Cultivando Vida Sustentável
Com apoio da organização internacional IDH e da empresa Cargill, o projeto Cultivando Vida Sustentável busca estimular a produção sustentável de alimentos, priorizando a conservação ambiental, o uso consciente dos recursos naturais e a valorização das comunidades locais.
A iniciativa é um dos principais pilares da atuação do CAT Sorriso que promove capacitações, assistência técnica e ações voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar para transformar realidades no campo.
Pequenos e médios produtores recebem orientações para adaptar suas propriedades às exigências do mercado e às práticas ambientais corretas, o que resulta em renda de forma responsável.
O agro e as abelhas
A relação entre sustentabilidade e produtividade também foi destaque no workshop “O Agro e as Abelhas”, realizado em maio pelo CAT Sorriso em parceria com o IFMT Campus Sorriso.
O evento reuniu produtores rurais, apicultores e especialistas para discutir o papel das abelhas na polinização da soja e seus impactos diretos na produção agrícola.
Durante o workshop, o pesquisador da Embrapa Soja, Dr. Décio Gazzoni, apresentou os resultados de uma pesquisa que comprova: a polinização cruzada entre abelhas e lavouras de soja pode aumentar a produtividade em média 13%, podendo chegar a até 30%, dependendo do clima, do manejo e da localização das plantações.
Além do benefício para os sojicultores, a atividade apícola também sai ganhando. Segundo o pesquisador, a produção de mel durante a floração da soja pode alcançar entre 40 e 60 kg por caixa, o que representa o dobro ou até o triplo da média nacional.
“É uma política do ganha-ganha”, resumiu Gazzoni, ao destacar os benefícios mútuos entre as atividades agrícolas e apícolas.
Certificação internacional rende R$3,8 milhões em bonificações
Outro destaque da atuação do CAT Sorriso é o incentivo à certificação da soja responsável por meio da RTRS (sigla em inglês para Round Table on Responsible Soy). O selo reconhece práticas agrícolas que respeitam critérios ambientais, sociais e econômicos.
Atualmente, 44 produtores rurais de 11 municípios de Mato Grosso integram o grupo coordenado pelo CAT Sorriso. Juntos, eles produziram quase meio milhão de toneladas de soja certificada na safra 2023/2024.
A produção resultou em R$ 3,8 milhões em bonificações, pagos por empresas da Holanda, Noruega e Argentina, que adquiriram os créditos de compensação ambiental gerados pela soja sustentável.
Cada tonelada certificada equivale a um crédito comercializado na plataforma RTRS.
O CAT Sorriso é responsável por toda a gestão do grupo de produtores, oferecendo assessoria técnica, consultoria ambiental, organização documental, e intermediação da comercialização dos créditos.
O grupo gerido pelo CAT Sorriso representa atualmente 7,42% dos créditos negociados na plataforma RTRS em todo o mundo.
Desde o início da iniciativa, em 2015, mais de R$ 11 milhões já foram repassados aos produtores certificados por meio da comercialização dos créditos ambientais.
“Começamos, lá em 2015, com nove produtores certificados e atualmente temos mais de 40, com a confirmação de inclusão de pelo menos dez novas certificações para a próxima safra. Isso mostra que o produtor rural pode e quer ser mais valorizado pelas boas práticas em sua propriedade”, avalia Cristina Delicato, coordenadora do CAT Sorriso.