O advogado Ícaro Vione de Paulo, que atua na defesa do chefe de cozinha Christian Albino Cebalho de Arruda, de 28 anos, afirmou que a Polícia Civil já descartou o envolvimento direto dele no assassinato da adolescente grávida Emilly Azevedo Sena, de 16, ocorrido em março deste ano, em Cuiabá.
A Polícia não só não têm indícios de participação, como têm provas reais de que eles não se envolveram no fato
O que resta agora, segundo o advogado, é descartar a suposta participação moral dele no caso, ou seja, saber se Christian sabia ou não dos planos que sua, à época, esposa tinha em mente.
A bombeira civil Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, que foi casada por quase um ano com Christian, confessou ter matado a adolescente Emilly para roubar o bebê dela. Ela foi presa tentando registrar a filha da vítima como sendo sua.
Emilly teve o ventre aberto e apresentava sinais de enforcamento, esganadura e asfixia. Seu corpo foi encontrado enterrado em uma cova rasa, com cabos de internet enrolados no pescoço, mãos e pernas, além de dois sacos plásticos cobrindo a cabeça.
“A Polícia não só não têm indícios de participação, como têm provas reais de que eles não se envolveram no fato”, disse o advogado sobre Christian e outros dois homens que chegaram a ser presos no início das investigações, o irmão de Nataly, Cícero Martins Pereira Júnior, e um amigo da família, Alédson Oliveira da Silva.
“Ambos eles têm álibis, como câmeras de segurança que registram que eles estavam trabalhando, testemunhas, colegas de trabalho que estavam junto com eles no momento. Então, desde o início, a Polícia rapidamente obteve todas as informações e já descartou”, afirmou.
Até o momento, somente Nataly, que confessou ter agido sozinha, foi indiciada pelo crime. O Ministério Público Estadual (MPE) aceitou a denúncia contra ela, e Nataly virou ré por oito crimes, sendo eles: feminicídio, tentativa de aborto, subtração de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.
“O que resta, então, a saber não é essa participação material, mas sim a suposta participação moral, que é o quê? Se eles poderiam saber ou se eles sabiam que, de fato, a Nathalie tinha esse intuito de tomar aquela criança, de ceifar a vida e tomar a criança para ela”, disse.
O próprio MPE chegou a descartar a participação material de Christian, Cícero Martins Pereira Júnior e Alédson, na morte da adolescente.
Segundo a defesa, essa é uma investigação que demanda mais tempo, uma vez que é necessária a quebra do sigilo telefônico e a possível restauração de mensagens.
A gravidez
Nataly fingiu para a família, incluindo para o então marido, que estava grávida, chegando a fazer um chá revelação e a compartilhar o evento nas redes sociais.
“O que está sendo apurado pela Polícia, o que está sendo julgado pela Justiça é um homicídio. O homicídio da garota Emily. E não a gravidez ou não da Nathalie”.
Christian afirmou que, em nenhum momento, desconfiou que a gravidez fosse falsa, mas isso, se desconfiou ou não, segundo a defesa, “é uma informação que não tem um peso no processo”.
Veja:
Leia mais:
“Convivi e não aparentava ser esse monstro”, diz ex de assassina
Promotor: “Não podemos confundir maldade com doença mental”
MPE descarta participação material de marido, irmão e amigo
Mulher que matou grávida é denunciada por oito crimes; veja quais
Polícia apura se marido, irmão e amigo participaram de crime
Médicos falsos e laqueadura; inconsistências levantaram suspeita
“Quando ela sentou na cadeira, peguei um fio e enforquei por trás”
Suspeita postou vídeos e fotos de momentos de sua gravidez
Quarto onde crime ocorreu tinha brinquedos e marcas de sangue
Preso, acusado postou vídeo de recém-nascida nas redes; veja
Corpo de menor tinha marcas de enforcamento e corte na barriga
Vídeo mostra prisão de suspeitos por morte de adolescente; veja
Polícia encontra corpo de menor grávida que estava desaparecida
Mulher é suspeita de falso parto após menor grávida desaparecer
Polícia detalha morte: “Crime de várias mãos; ritual de crueldade”