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Governo foi omisso e criminoso; rombo é só a ponta do iceberg

A deputada federal Coronel Fernanda (PL) considera que o Governo Lula foi “omisso” e “criminoso” ao não investigar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) antes que as denúncias chegassem à mídia.

 

Se esse pequeno lá atrás tivesse sido impedido de continuar acontecendo, o roubo não estaria do tamanho que está

O escândalo na Previdência envolve descontos indevidos em aposentadorias e pensões que vinham ocorrendo desde 2016 e se intensificou no ano passado. O rombo financeiro já chega a mais de R$ 6 bilhões.

 

Investigações apontaram que associações, muitas vezes sem vínculo real com os beneficiários, realizaram esses descontos sem autorização, utilizando documentos falsificados ou assinaturas eletrônicas irregulares.

 

“O presidente do INSS e o ministro da Previdência tinham informações feitas pela CGU [Controladoria-Geral da União], pela Polícia Federal, por parlamentares que já tinham recebido as denúncias e nada foi feito. Foi considerado como se fosse um pequeno roubo, ‘não tem problema’”, afirmou em entrevista ao MidiaNews.

 

“Se esse pequeno lá atrás tivesse sido impedido de continuar acontecendo, o roubo não estaria do tamanho que está. Então, governo atual foi, primeiramente, omisso e depois foi criminoso”, completou.

 

Ao longo da entrevista a deputada também falou sobre o andamento da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que propôs para investigar as fraudes, comentou sobre as articulações para as eleições de 2026 e defendeu os condenados do 8 de Janeiro.

 

Confira os melhores trechos da entrevista: 

 

MidiaNews – A senhora está à frente da propositura da CPMI das fraudes do INSS. Como enxerga esse escândalo do Governo Federal?

 

Coronel Fernanda – Eu vejo que o rombo provocado pelos criminosos no INSS está sendo considerado o maior rombo da história da corrupção no nosso país. Nós não começamos ainda a mexer nesse novelo, nós só estamos vendo a pontinha dele.

 

E assim que a CPMI for instalada e nós começarmos a investigar de forma profunda e efetiva, vamos descobrir que o novelo é muito grande, essa ponta do iceberg vai se transformar em algo gigantesco e vai atingir muitas pessoas.

 

Mas se Deus quiser vamos conseguir fazer com que as pessoas que foram prejudicadas sejam ressarcidas e indenizadas.

 

 

MidiaNews – A senhora conseguiu investigar mais a fundo sobre essas fraudes. Como funcionou esse esquema da retirada do dinheiro dos aposentados e pensionistas? As pessoas realmente não tinham ideia de que estava havendo os descontos?

 

Coronel Fernanda – Eu já conversei com várias vítimas que tiveram os descontos em seus holerites. Vou falar por mim. Eu sou servidora pública da reserva da Polícia Militar e faz bom tempo que não pego meu holerite, porque você fica tão no automático de você só pegar na conta corrente o que está disponível.

 

E é dessa forma que essas pessoas utilizaram, porque os pensionistas e aposentados que foram vítimas, na sua grande maioria ganha entre um e dois salários mínimos. E são pessoas que têm pouco contato com tecnologia. 

 

E o valor que era descontado eram em torno de R$ 50 a R$ 70, mais ou menos. Então, era um valor que passava despercebido. 

 

MidiaNews – E qual é o impacto financeiro desse esquema?

 

Coronel Fernanda – Quando se fala de desconto associativo, que são para sindicatos e associações, fala-se um valor de R$ 6,2 bilhões. Agora, quando a gente fala sobre questão de empréstimo consignado, chega a um rombo de R$ 90 bilhões. Ainda não tem nada concreto em relação ao valor que vai se chegar ao final, mas a gente já tem uma noção mais ou menos do prejuízo. 

 

MidiaNews – O Governo Federal anunciou que vai devolver o dinheiro descontado dos aposentados. Esse dinheiro virá do Tesouro. Mais uma vez o povo vai pagar pela corrupção dos políticos, não é mesmo?

 

Apesar do INSS ser um órgão do Governo Federal, o cidadão não pode pagar mais uma vez, porque nós temos que lembrar sempre: pensão e aposentadoria não é favor do Governo

Coronel Fernanda – Com certeza. Eu fiquei assistindo uma coletiva do Governo Federal, onde eles ainda não definiram de onde será o recurso para fazer esse pagamento, vão aguardar ainda algumas investigações. 

 

A pessoa que foi vítima deverá entrar em contato pelo canal 135 ou então Meu INSS, informar que foi vítima. Isso aí já era para ser automático, até porque todo o sistema está na mão do INSS, da mesma forma como eles informaram às associações e sindicatos que aquelas pessoas eram pensionistas e aposentados, eles deveriam fazer isso de forma automática, e não vai ser feito.

 

Eu acredito que se a gente não tomar muito cuidado, muitos brasileiros serão lesados definitivamente.

 

MidiaNews – Há quem diga que esse escândalo do INSS escancara que o PT na verdade não liga para o trabalhador. A senhora concorda com essa afirmação?

 

Coronel Fernanda – Acredito não, eu tenho certeza, porque o presidente do INSS e o ministro da Previdência tinham informações feitas pela CGU, pela Polícia Federal, feita por parlamentares que já tinham recebido as denúncias e nada foi feito. Foi considerado como se fosse um pequeno roubo, não tem problema.

 

Se esse pequeno lá atrás tivesse sido impedido de continuar acontecendo, o rombo não estaria do tamanho que está. Então, governo atual foi omisso. Primeiramente foi omisso e depois foi criminoso.

                                                    

MidiaNews – E como está o andamento da CPMI no Congresso? Já conseguiram as assinaturas suficientes? Agora qual será o processo?

 

Coronel Fernanda – Nós conseguimos as assinaturas na semana passada, na sexta-feira passada. Mas nós entramos em reunião com a oposição do Senado e com a oposição da Câmara Federal, com os líderes do nosso partido e o Republicanos. E ficou acertado que nós iríamos alcançar os 40 senadores, porque deputados federais nós já passamos de 216. E estamos querendo chegar aos 40 senadores para dar um equilíbrio no protocolo da CPMI.

 

Ela não foi protocolada ainda porque nós estamos recebendo muitos pedidos de parlamentares ainda para assinar.

 

E como essa semana que vem o presidente do Congresso não está no Brasil, não faz diferença protocolar hoje ou daqui uma semana. As pessoas têm medo do tema esfriar, mas para nós não tem problema porque a CPMI, ao contrário da CPI, depois de protocolada, o presidente do Congresso tem a obrigação na primeira reunião subsequente de fazer a leitura do requerimento e fazer a instalação.

 

Então nós estamos bem confortáveis. Quem está desconfortável com toda a nossa ação é o governo.

 

 

MidiaNews – E a senhora sentiu resistência ali dentro do Congresso por parte do PT ou de outro partido da base?

 

Coronel Fernanda – Não senti, tanto é que eles não estavam importando. Agora que a coisa ficou firme, as assinaturas já ultrapassaram, agora eles começaram a se preocupar. 

 

MidiaNews – A imprensa falou sobre o envolvimento de parentes do presidente Lula nesse esquema. O que se sabe sobre isso?

 

Coronel Fernanda – Tem o envolvimento do irmão do presidente Lula, Frei Chico. Ele também está ligado a um sindicato, a uma associação. E as informações que nós temos, por exemplo, é que essa instituição à qual ele é ligado estava ganhando em torno de mil associados por mês de 2023 para cá. Isso é muito.

 

Eu já fui presidente de uma associação. Para você ganhar um associado no mês é muito difícil. Um, dois, três associados… As associações são poucas. E o dele não, foi para mais de mil pessoas por mês.

 

Isso aí mostra que não está certo. A impressão que foi meio que direcionada. 

 

Inclusive, das associações, institutos que foram bloqueados agora pelo Governo, a dele não foi. Estamos questionando isso. 

 

Então, essa parte da investigação ainda está sendo apurada por nós, para que quando a CPMI for instalada, nós já tenhamos todos os documentos necessários para começar essa discussão.

 

MidiaNews – A senhora acha que existiu má-fé do Governo Federal de já saber desse esquema, ainda mais com esse movimento próximo de um parente do presidente Lula, e não ter feito nada até estourar na mídia?

 

Coronel Fernanda – Se eles não estiverem ligado diretamente a esse crime, eles cometeram um outro, que é de omissão, porque eles tinham a obrigação de parar esse tipo de situação dentro do INSS, tomar todas as providências, desde 2023.

 

E somente agora, depois que se tornou público esse escândalo, que eles acharam um meio para suspender alguns descontos e começar a tomar medidas para devolver teoricamente os valores, mas com um canal de dificuldades para o cidadão. Isso a gente não concorda.

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Coronel Fernanda

A deputada federal disse que, para ela, é impossível o presidente Lula ser reeleito em 2026

MidiaNews – A senhora mencionou que tem conversado com pessoas que foram vítimas desses descontos. Ainda há esperança por parte deles de receber de volta?

 

Coronel Fernanda – Acho que a questão não está mais nem em receber. Entendo que é uma obrigação minha fazer o alerta à população, porque nem todo mundo percebeu ainda que foi vítima desse crime. Então nós precisamos colocar isso de uma forma fácil para que o aposentado e pensionista tenham conhecimento disso.

 

Estou me organizando para que nas próximas semanas eu faça um grupo de pessoas para a gente ir aos bairros, sábado e domingo, para poder ouvir a população e orientar, informar como ele vai fazer, quais procedimentos tem que tomar, quais documentos tem que verificar, para ver se ele foi ou não prejudicado e quais medidas caberão ele.

 

Porque o INSS está falando só em devolver, mas e a indenização por ter sido lesado, essa devolução vai ser com juros de correção monetária? Ou simplesmente vai ser só devolução? 

 

Apesar do INSS ser um órgão do Governo Federal, o cidadão não pode pagar mais uma vez, porque nós temos que lembrar sempre: pensão e aposentadoria não é favor do Governo.

 

Esses valores que hoje os pensionistas recebem e os aposentados recebem nada mais são do que o retorno que esse trabalhador contribuiu. Ele depositou dinheiro no INSS para que quando fosse aposentado ou tivesse necessidade de ser pensionista, ele pudesse usufruir. E hoje está sendo roubado de uma forma vil por um órgão que foi criado para cuidar do trabalhador.

 

MidiaNews – Mudando de assunto, senadora. Mato Grosso está lutando contra a moratória da soja. Qual o tamanho do impacto para o Estado?

 

Coronel Fernanda – O prejuízo que a moratória causou aos produtores rurais, quando a gente fala somente na linha dos valores pagos pelo grão, está em torno de R$ 2 bilhões.

 

Então, as instituições que promoveram a moratória, se forem acionadas judicialmente, após todo esse trâmite que nós estamos realizando lá em Brasília, que é denúncia no Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], denúncia no TCU [Tribunal de Contas da União], depois que forem confirmadas as nossas denúncias, eles teriam que devolver mais de R$ 2 bilhões para os produtores rurais. 

 

Hoje o problema não é mais acabar ou não com a moratória. Isso é que eu falo na vertente das pessoas que assumiram a moratória, porque eles vão ter que indenizar uma hora e isso eles não querem.

 

Então, nós estamos hoje na discussão de como essa moratória vai acabar. Se vai perdoar o valor que ficou para trás, se não vai, como vai executar esses valores.  Agora, precisamos novamente sentar e negociar o fim da moratória para que não cause prejuízo daqui para frente. 

 

MidiaNews – O agronegócio pode ser inviabilizado?

 

Coronel Fernanda – Não, já passou dessa fase de inviabilizar. Acredito que nós vamos conseguir resolver essa pendência de vez. Até porque já há um entendimento que nós temos uma lei e essa lei precisa ser respeitada; e a moratória não é lei. Moratória é um acordo entre particulares. 

 

MidiaNews – Foi aprovado esta semana o acréscimo de duas cadeiras na bancada de Mato Grosso na Câmara Federal. O que achou desta mudança?

 

Coronel Fernanda – A questão dos dois que passaram para Mato Grosso já estava prevista em lei. Os eleitores de Mato Grosso cresceram e o próprio STF está julgando uma ação em relação a isso. Inclusive essa lei nova tem que estar sancionada até julho se não me engano, e já vinha a previsão da redistribuição para Mato Grosso.

 

Mato Grosso aumentava uma ou duas cadeiras, se não me engano. O que eles fizeram colocando essas duas cadeiras já estava previsto, era um direito de Mato Grosso.

 

O que está sendo questionado é o seguinte: os estados que eram para perder cadeiras não aceitaram.  E aí foi aumentado esse número a mais de deputados só para atender os estados que não querem perder suas cadeiras. 

 

A redistribuição já era prevista, mas aumento de deputados não. Redistribuição sim, por isso que eu votei contra.

 

MidiaNews – E falam sobre esse impacto financeiro nos cofres públicos.  A senhora tem uma noção do valor que isso pode impactar?

 

Coronel Fernanda – Não tenho essa noção de quanto pode impactar, mas eu sei que é bastante. 

 

MidiaNews – E é por isso que existe essa resistência por parte de alguns deputados?

 

Coronel Fernanda – É mais uma conta para o cidadão pagar, né? 

 

MidiaNews – O PL cresceu bastante em Mato Grosso na última eleição. A senhora defende que o partido tenha uma candidatura própria ao Governo?

 

Coronel Fernanda – O PL é um partido grande e forte e ele vai lançar um nome próprio tanto para Governo como para Senado e para as outras cadeiras de deputado federal e estadual. Isso é bem sintomático pela grandeza do partido. Mas as decisões de quem serão os nossos candidatos das majoritárias vão acontecer em 2026.

 

Temos nomes bons, temos nomes de pessoas que são pré-candidatos naturais, por já estarem no partido, já estarem ocupando cargos de mandato. Eu tenho certeza que o PL vai ficar muito bem representado. 

 

MidiaNews – Muitos falam do senador Wellington Fagundes para essa candidatura ao Governo. A senhora acha que ele é o melhor nome para representar o PL aqui em Mato Grosso?

 

Coronel Fernanda – Ele é um candidato natural, já está há muito tempo no PL, é oriundo do partido… Hoje ele é senador da República, ainda tem mais quatro anos como senador. Então não há prejuízo para o partido. Ele é um candidato natural, mas vamos ter que aguardar 2026. 

 

MidiaNews – A senhora acha que as críticas internas que o senador Wellington recebeu em anos anteriores podem prejudicá-lo?

 

Coronel Fernanda – Eu acho que não. Cada momento tem o seu diferencial. Eu acho que o Wellington tem construído um ambiente saudável para ele poder vir em 2026. 

 

MidiaNews – Nesta semana o presidente do PL Valdemar da Costa Neto afirmou que o partido pode apoiar a candidatura do governador Mauro Mendes ao Senado, inclusive fazendo uma dobradinha com o deputado José Medeiros. 

 

Coronel Fernanda – Eu defendo a campanha do Medeiros, que é do partido. Agora, as composições somente a direção do partido aqui em Mato Grosso e a nacional vão poder definir isso. 

 

MidiaNews – A senhora vai trabalhar para continuar na Câmara Federal?

 

Coronel Fernanda – Eu venho para reeleição federal.

 

MidiaNews – E com esse acréscimo de novas vagas na Câmara Federal, a senhora acha que o partido vai conseguir agregar novas cadeiras, aumentar ainda mais a representatividade?

 

Coronel Fernanda – Eu acredito que sim. O partido já está já está em uma composição forte e deve vir forte também para as eleições de 2026. 

 

 

MidiaNews – O ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível. Acredita que o PL possa lançar outro nome para a disputa?

 

Coronel Fernanda – Não. Primeiro nome é Bolsonaro, segundo é Bolsonaro e terceiro é Bolsonaro. Então é Bolsonaro 26. 

 

MidiaNews – E a senhora acha que existem chances para uma reeleição do presidente Lula no cenário político atual?

 

Coronel Fernanda – Hoje a gente vê que a reeleição do Lula está impossível. Começa por esse escândalo do roubo dos aposentados e tantas outras coisas que têm acontecido. Eu acredito que o PT não tem pessoas para colocar no lugar do Lula, ao contrário do PL. O PL tem nomes bons.

 

Claro que nosso nome é o Bolsonaro, mas hoje na falta dele, nós teríamos outros nomes, o que o PT não tem. Então, a nossa construção está mais firme, mais sólida. 

 

O Lula gosta dos “manos”. Os “manos” não são o que nós gostamos. Ele rejeitando isso está só favorecendo a criminalidade, e nós não podemos permitir que isso aconteça

MidiaNews – Acredita que a população se arrependeu por ter colocado o Lula no poder novamente?

 

Coronel Fernanda – Se arrependeu. Os juros estão muito altos, a compra básica está difícil de você fazer. Eu que faço as compras da minha casa, sei quanto custam as coisas, e tenho certeza que precisamos mudar. Do jeito que está, não dá. 

 

MidiaNews – Existe muita reclamação em relação à suposta intromissão do STF em decisões do Congresso. A senhora vê essa influência do Judiciário?

 

Coronel Fernanda – Olha, nós temos um exemplo do aconteceu ontem [quarta-feira], onde nós fizemos, votamos a ação de trancar o processo contra o [Alexandre] Ramagem [deputado federal]. Nós estamos trabalhando para fortalecimento do Legislativo.

 

Nós precisamos trabalhar e deixar bem claro que cada um tem o seu papel na sociedade e que o Legislativo não vai mais dizer amém para ninguém. Nós vamos nos fortalecer e precisamos ser respeitados por isso.

 

MidiaNews – Nesta semana a senhora participou de um ato em favor da anistia. Há uma crítica de que o movimento pela anistia quer, na verdade, livrar Bolsonaro. É isso mesmo?

 

Coronel Fernanda – A maioria das pessoas que criticam ou que são levadas a essas críticas são pessoas que estão do lado da esquerda e que se julgam ter sido vítimas lá atrás de tortura, de perseguição, mas ao mesmo tempo são as mesmas pessoas que querem que outras pessoas simples sejam também perseguidas, sejam presas.

 

Eu não consigo entender como um cidadão que já passou por um problema quer para o outro, que essa pessoa também passe por um problema.

 

Eu acompanhei as presas do 8 de Janeiro. Estive lá no dia que elas foram colocar tornozeleira para ir para sua casa. Eu sou policial. Conheço um pouco de bandido. Não vi nenhuma bandida ali.

 

Eu vi mães, médicas, professoras, advogadas, engenheiras que estavam indo lá se manifestar, mas que foram tratadas pior do que um traficante.

 

E isso, para mim, como policial militar, marcou muito a minha vida. Eu fiquei muito triste nesse dia, porque a cena foi uma cena que eu nunca imaginei ver e as pessoas tinham que se colocar no lugar delas. Você não quebrar as coisas, você ir para um lugar e você ser condenada há 14 anos porque você escreveu em uma estátua uma frase de batom.

 

A pena aplicada não está justa. Está mais como se fosse uma vingança do que a Justiça aplicada. Isso foi uma prova que aconteceu ontem na Câmara Federal. O crime que eles queriam aplicar ao Ramagem estava sendo uma denúncia genérica. E a gente sabe, quem estuda um pouquinho de Direito sabe que para você aplicar uma pena ou para apresentar uma denúncia contra alguém, tem que individualizar a ação daquela pessoa.

 

E no 8 de Janeiro não há ações individualizadas. As ações estão sendo aplicadas de forma coletiva. E isso é um prejuízo para o Direito, para segurança jurídica, desrespeito à nossa Constituição.

 

O cidadão tem que ter essa segurança de que a Justiça tem que ser justa, ela não pode ver quem ela está julgando. Ela tem que ser imparcial e nós não estamos vendo isso. 

 

MidiaNews – Esta semana o presidente Lula rejeitou a proposta do governo norte-americano de classificar as facções como terroristas. Como a senhora viu essa decisão? Acha que dificulta o combate ao crime organizado?

 

Coronel Fernanda – O Lula gosta dos “manos”. Os “manos” não são o que nós gostamos. Ele rejeitando isso está só favorecendo a criminalidade, e nós não podemos permitir que isso aconteça. Por isso, precisamos trabalhar muito forte para que em 2026, ele saia de uma vez do governo.

 

Temos que ter Justiça. Quem cometer o crime tem que ir para a cadeia. Mas não mandar mulheres inocentes ou senhorinhas para a cadeia. Mandar senhoras para a cadeia com uma Bíblia na mão, com um batom na mão, é fácil. Mas mandar o crime organizado para a cadeia está sendo difícil nesse país. E quem está sofrendo é o cidadão comum.

 

MidiaNews – Uma das coisas que o governador Mauro Mendes vem pedindo é uma mudança no Código Penal, que ele fala que não está duro o suficiente para o combate à criminalidade. E ele cobra o Congresso Nacional. A senhora tem visto essa resistência também ali para enrijecer as leis?

 

Coronel Fernanda – A questão das leis não são fáceis de passar no Congresso. É jogo de interesse.

 

Porém, o Estado de Mato Grosso também está falhando porque hoje o efetivo da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Penal, está aquém da realidade. Mato Grosso cresceu, nós estamos com mais de 3,7 milhões de habitantes e as forças de segurança do Estado estão igualzinho em 1996.

 

Nós estamos com um atraso de 40 anos e a nossa Segurança Pública não tem efetivo, não tem homens e mulheres treinados e capacitados para ocupar esse espaço que está faltando. Criticar só o Congresso é fácil, também tem que fazer o dever de casa. 

 

Assista a entrevista na íntegra:

 

 

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